1964 foi um ano-chave para o gênero que conhecemos como samba-jazz. São desse ano, por exemplo, os discos “Edison Machado é Samba Novo” (do baterista Edison Machado) e “O Som” (do saxofonista J.T. Meirelles com o conjunto Copa 5). Essa onda desaguou como efeito da maré da bossa nova, com toda uma geração de músicos do primeiro time dedicados à formatar uma nova música instrumental baseada na fusão da batida do samba com as estruturas do jazz estadunidense.
Outro pilar dessa cena, também de 1964, é “Embalo”, do pianista carioca Tenório Jr. A obra combina versões de clássicos da bossa nova – como “Inútil Paisagem” (Tom Jobim e Aloysio de Oliveira), “Fim de Semana em Eldorado” (Johnny Alf) e “Consolação” (Baden Powell e Vinícius de Moraes) – com temas autorais impressionantes. É o caso de “Nebulosa”, uma obra-prima do samba-jazz. Na banda que o acompanha neste álbum estão músicos do quilate de Paulo Moura (sax), Raul de Souza (trombone), J.T. Meirelles (sax tenor) e Milton Banana (bateria). “Embalo” é o único disco do instrumentista.
Tenório Jr. desapareceu após uma excursão à Argentina acompanhando Toquinho e Vinícius de Moraes. Especula-se que ele tenha sido preso e assassinado pela ditatura do país. Sua obra, no entanto, permanece intacta e atemporal.