A1. MEDE MA GNIN MESSE - Afro-Beat - 6'01''
A2. IYA ME DJI KI BI NI - Jerk Fon - 4'12''
A3. ASSIBAVI - Sato - 4'43''
A4. SÊ TCHÉ WÊ DJO MON - Jerk Fon - 4'12''
A5. ZIZI - Pachanga - 3'59''
B1. DJANFA MAGNI - Afro-Beat - 9'51''
B2. ADJRO MI - Cavacha Fon - 5'50''
B3. ÉCOUTE MA MÉLODIE - Afro Bossa - 7'25''
Lançamento em parceria com Analog Africa.
Restaurado e remasterizado por Nick Robins no estúdio Sound Mastering.
Layout e Produção Gráfica por Frederic Thiphagne.
Montagem Tipográfica por Marcos Melloe Aloisio Carnettino LetterPress Brasil.
Fotos - Cortesia de Melome Clement e Samy Ben Redjeb.
A produção gráfica da capa recebeu atenção e cuidados especiais. Utilizando como referência capas originais de compactos da banda, nós trabalhamos exatamente com as mesma técnicas utilizadas na época para criar uma réplica perfeita do design. Assim, graças à ajuda e conhecimento inestimável da LetterPress Brasil, as capas foram impressas com clichês, montagem tipográfica, Linotipo e impressão LetterPress.
• Edição limitada de 500 cópias.
• Cinco cores de capa disponível (branco, palha, amarelo, rosa e azul).
O Orchestre Poly-Rythmo de Cotonou é, sem dúvida, o segredo mais bem guardado da África do Oeste. Sua produção, tanto em termos de quantidade e qualidade, foi espantosa, gravou mais de 500 canções entre 1970 e 1983.
Durante o tempo em que a banda tinha um contrato de exclusividade com o selo Albarika Store, também gravavam secretamente com muitos outros selos menores na região de Cotonou, a maior cidade do Benin, e em Porto Novo, a capital. Os produtores desses selos eram autênticos apaixonados pela música; alguns dirigiam esses selos no meio do expediente e com dinheiro limitado. Era difícil ter uma alta qualidade de gravação, tudo o que tinham para trabalhar era um Nagra (um gravador portátil profissional, usando pequenos rolos, feito na Suiça a partir dos anos 50) e um engenheiro de som, como cortesia da rádio nacional. Essas sessões eram gravadas em casa particulares, usando apenas um ou dois microfones.
A riqueza cultural e espiritual da música tradicional beninense teve um imenso impacto na construção moderna daquela. Benin é o berço do Vodun (também chamado de Vodoun, ou Voodoo), uma religião que envolve o culto de mais de 250 divindades. Os cultos são sempre acompanhados de música. A maioria desses poli-ritmos complexos do Vodun continuam ainda secretos e difíceis de decifrar, mesmo para um músico habilidoso. Os antropólogos e etnomusicólogos concordam em dizer que essa religião, o Vodun, é a ponte cultural principal entre a África e toda a sua diáspora nas Américas e no Caribe. Muitos desses ritmos complexos tiveram reflexo e influência em ritmos populares como o Blues, o Jazz, a música cubana e brasileira, produzindo assim um impacto musical profundo do outro lado do Atlântico.
Dois ritmos de Vodun dominam a música do Orchestre Poly-Rythmo: o Sato, um surpreendente e energético ritmo tocado num tambor vertical gigante, e o Sakpata, um ritmo dedicado ao deus do mesmo nome, o Vodun da Terra, que também é deus da varíola e protege as pessoas contra todas as doenças eruptivas. Esses dois ritmos são misturados pela banda com Funk, Soul, o som maluco do órgão e rifes de guitarra psicodélicos. O líder do grupo Melome Clement o explica assim : “O Sato é um ritmo tradicional derivado do Vodun. Ele é usado no Benin durante os rituais anuais em memória aos mortos; você não pode tocar Sato a qualquer momento. Sato também é o nome do tambor usado durante as cerimônias. É grande, quase 1,75m de altura. Os batuqueiros, com baqueta, dançam e giram ao redor do tambor tocando ao mesmo tempo. É muita coordenação. O tocador de Sato é apoiado por uma orquestra composta de tambores pequenos e xekeres. Nós também fizemos versões modernas de um ritmo de Vodun chamado Sakpata, o que quer dizer em Fon (a língua mais usada no Benin) ‘Deus da Terra’ ”.
Nenhuma dessas faixas foram divulgadas fora do Benin durante o período de ouro da banda. Esses selos menores e obscuros, dos quais falamos acima, tinham uma distribuição pequena e nenhum disco chegava mais longe que Cotonou ou Porto Novo. Por causa do custo, a maioria destes selos nem prensavam mais que 1000 cópias, e muitos produziam apenas 500 cópias de cada disco.
A música desta compilação não é apenas extremamente rara, mas também ilustra como a Orchestre Poly-Rythmo, com o apoio dos selos locais, prosperou misturando o melhor do funk, do soul, do latino e do ritmo Vodun para produzir um som novo que não reflete apenas a herança musical e cultural do Benin, mas a transforma e faz deste pequeno país um incrível “melting-pot” musical.
Samy Ben Redjeb