Que beleza! Lançado originalmente em 1974, o álbum de estreia da dupla Burnier & Cartier é mais uma das joias setentistas da música brasileira que combinam diferentes influências e nos desafiam a enquadrá-la em um rótulo. É MPB? É folk? É pop? É psicodelia? É jazz? Não é nada disso e também é tudo ao mesmo. Assim é que é bom!
Como na improvável rima que se constrói com os respectivos sobrenomes, os violonistas cariocas Octávio Burnier e Cláudio Cartier demonstram uma afinidade grande em uma parceria inspirada e nos oferecem um conjunto de canções autorais (com exceção de “Aventura Espacial”, de Luiz Bonfá) de raríssima originalidade. Ainda que se perceba sutilmente uma influência do Clube da Esquina no esmero dos arranjos e nas harmonias vocais, tudo aqui preza pela identidade própria da dupla.
E o time que toca no disco? Vixe! Temos o sax de Paulo Moura em “Lejos de Mi”, a batida inconfundível do baterista Edison Machado em “Europanema” e o flugelhorn de Márcio Montarroyos (da Banda Black Rio) em “Lembrando Ed Kleiger” – para citar só três exemplos de uma ficha técnica pesadíssima. Ah! E se você é fã do Kaytranada, dê atenção especial à faixa “Mirandolina”, que o DJ e produtor haitiano sampleou em “Alrite (Kaytraflip).