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Goma Gringa Discos

ONÇA COMBO "UBI SUNT" • gglp-017

AVISE-ME QUANDO DISPONÍVEL:


edição limitada/ 250 cópias numeradas/ lp 180gr/ capa dura dupla/ folheto em papel especial/


- Ubi Sunt?
- Ubi sunt qui ante nos fuerunt?

Onde estão? Onde estão aqueles que nos precederam?

O trio Onça Combo apresenta seu segundo trabalho, Ubi Sunt, mote meditativo medieval evocando uma reflexão sobre ancestralidade, moralidade e a transitoriedade da vida.

Aqui, a banda aprofunda seu estudo de ostinatos e padrões repetitivos que flertam com aspectos da música ritualística africana e sul-americana. Estes padrões são costurados por improvisação livre, minimalismo norte-americano (Reich, Riley) tendo a viola brasileira como fio condutor.

Como método, focam mais uma vez em gravações ao vivo costuradas com overdubs e sem uso de efeitos eletrônicos.

Música psicodélica e orgânica, latino-americana, feita com as mãos.

Concebido e gravado entre as cidades de Parahyba, São Paulo e Bruxelas, o segundo disco do Onça Combo foi montado lentamente entre 2016 e 2019.

Contando com a participação de Thomas Rohrer (rabeca - improvisador eloquente na cena paulistana tocando com Ponto Br, Juçara Marçal entre outros) e Julián Sanchez (trompete e efeitos - professor do Conservatório de Granada na Espanha) o disco representa uma evolução natural do trabalho da banda em direção à experimentação e a consolidação de uma abordagem específica de "spiritual jazz latino-americano".

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O DISCO E A CAPA

• Edição limitada DeLuxo de 250 cópias numeradas;
• Disco de 180gr preto prensado pela Polysom;
• A capa é o nosso modelo de capa dura empastada gatefold;
• Capa: Impressão 4x0, tinta off-set cromia sobre papel chambril 150gr;
• Forro: Impressão 1x0, Pantone prata sobre papel ColorPlus Porto Seguro 180gr;
• Encarte: Folheto de 4 páginas, na parte interna da capa, impressão 1x1 Pantone prata sobre ColorPlus Porto Seguro 180gr;
• Rótulos: Impressão 2x0, tinta Pantone.

SANTÍDIO PEREIRA

Combinando nas suas obras a força da simplicidade e a suavidade da clareza, Santídio Pereiraé - na nossa opinião - um dos nomes mais notáveis de sua geração nas artes plásticas no Brasil.

Nascido em 1996 no povoado de Curral Comprido (PI), Santídio esta atualmente representado pela renomada Galeria Estação (SP). Suas obras já foram apresentadas em 3 exposições individuais e 12 exposições coletivas, incluindo na Fondation Cartier pour l’art contemporain em Paris e - fruto de uma residência na AnnexB - na b[x] Gallery, no Brooklyn-NYC. 

Eloquentes e instintivos, seus trabalhos se destacam pelo impacto das combinação de cores e linhas notavelmente minimalista e francas, associadas ao formato de grande tamanho. Muitas imagens ultrapassam 2 metros.

Para a capa de ‘Ubi Sunt’, Santídio segue revisitando a tradicional técnica da xilogravura com uma abordagem eminentemente plástica.
Propondo um diálogo entre a linguagem da xilogravura e da música, o artista usa as ondas sonoras das gravações para desenhar e esculpir os picos e vales que vemos na capa. 
Com 27 peças em mãos, Santídio escolhe a cor e a tonalidade de cada uma, até dar vida à combinação, quando alcança uma lógica particular e forma uma composição concisa. Delicado e arriscado encontro de ondas sonoras com  blocos de madeira e camadas espessas de tinta. Paisagem maior que a soma de suas partes. Caos ordenado.

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Seguem abaixo fotografias realizadas no ateliê do artista no dia 28 de Outubro 2020 por Frederic Thiphagne

Ubi sunt e uma nota de autor

Ubi Sunt é o segundo disco do Onça Combo, trio de folk-jazz latino (maldita aridez dos rótulos) formado por Stephan Thomas nos Saxofones e Flautas, João Cassiano "Cassicobra" nas percussões e eu, Thiago Leiros-Costa, tocando violas de 10 cordas e outras guitarras. Um suíço (radicado no Brasil) e dois paraibanos. Banda criada no ano de 2015 em tons cavalheirescos no encontro entre velhos amigos. Sou tantissimo grato.

Até então o mote do projeto está em usar a viola brasileira - essa sacerdotisa esquecida por tantos - como fonte de ponteios, ostinatos e texturas para, em combinação com instrumentos do universo do Jazz e da música típica brasileira/africana/árabe, criar uma música contemplativa, quente, improvisada e que celebra os riscos. O impulsivo, o etéreo, o mágico. Solenes fetiches. Memento Mori. Amores. Uma viola celebrando sua herança, mas, como diria Pedro Osmar, do Jaguaribe Carne (este totem), uma viola que busca olhar para além de suas implicações caboclas. Vocação pagã, vocação carnívora.

O título ~ Ubi Sunt ou "Onde estão". De “Ubi sunt qui ante nos fuerunt?”, em tradução livre do latim, "Onde estão aqueles que nos precederam?". Um mote medieval que nos remete à finitude da vida e à ancestralidade. Onde estão, no agora, aqueles que nos precederam? Uma pergunta tão inspiradora que, em sua resposta ou na busca de uma resposta, revela tanto sobre quem somos, onde estamos, o que sabemos e não sabemos. Para uns, pergunta sem resposta. Para outros talvez a resposta seja clara, cristalina. Ubi Sunt me remete a minimalismo, ancestralidade e urgência - a vida segue implacável, afinal. A pergunta por vezes sem resposta pode ser refletida nos ostinatos (padrões musicais repetitivos). Clamamos por uma resolução que por vezes tarda. Em outros momentos, pergunta cuja resposta é clara, elementar, traz júbilo àquele que a decifra. Para além desta abstração, Ubi Sunt, nos conecta também a essa raiz latina, latinidade latu sensu. E que bela encruzilhada é o Nordeste brasileiro para celebrarmos essa latinidade. Falar de Nordeste é difícil, já que são tantos. Há por exemplo tantos Nordestes em "A invenção do Nordeste". Mas há certamente um Nordeste como um conjunto de arquétipos e afetos que sinto pessoalmente e tão fortemente. Para mim hoje, esse é o único Nordeste que interessa discutir. Caju, jambo, ruas de Jaguaribe, cuscuz de milho, mar de Cabedelo, Olinda, uma fogueira, Juazeiro, a Oficina Brennand, Areia, Crato, os lençóis maranhenses, uma cabra, a ilha de São Luiz ou de Itamaracá, uma salina. Ali há tanto de Granada, de alpes suíços, de Marrakesh, de Luanda ou Palermo, do rio Tejo. E bebamos a isso. 

A capa ~ O último elemento desta espécie de cadavre exquis que lhes apresentamos. Santídio Pereira é uma fonte de verdade e beleza. Para mim é bem isso. Revisitando uma técnica arquetípica do Nordeste brasileiro, ele alcança serenamente uma solenidade e elegância comoventes com uma voz tão pessoal. Ver alguém celebrar esta ancestralidade deforma tão honesta me traz paz e fome. Os picos e vales, ondas, ventos - formações rochosas ou etéreas - revelam tanto enquanto escondem tantas outras coisas. Que fortuna.

Uma nota de produção ~ Onça Combo é música psicodélica americana feita com as mãos, o nariz e a boca. Madeira, metal, couro, corda, vidro e sala. Sem efeitos eletrônicos significativos. As limitações aqui celebram a liberdade, a idiossincrasia, um certo tipo de bondage, um hálito impuro. Humano. A pureza é uma armadilha. A perfeição, uma cilada. Os músicos sempre moraram em lugares diferentes (São Paulo, Parahyba, Bruxelas) e os discos são produzidos em períodos muito limitados de tempo e em convivência intensa. A música é criada no estúdio, quase sempre sem ensaios. Todas as faixas se iniciam com linhas contínuas de viola e percussão gravadas juntas ao vivo, sobre as quais estendemos camadas de solistas ao vivo ou post hoc. 

E que honra termos, além de Stephan, dois outros solistas desta vez. Julián Sánchez - trompetista granadino - toca sopros diversos em "O Autoproclamado Campeão""Falésia Azul" e "Aos Irmãos do Leste". Julián grava sempre junto a Stephan. Cabeça, tronco e membros em uma mesma sala. Microfones vazam. Thomas Rohrer - nobre rabequeiro suíço radicado no Brasil - toca rabeca e tantos outros sons de arco em "O Autoproclamado Campeão" e "O Mar Não Tem Cabelo". Esta foi a única sessão a não ser gravada no Peixe Boi estúdios em Parahyba. A última sessão do disco foi gravada na primavera de Bruxelas em 2019. Era apenas o que nos faltava. Mixamos o disco inicialmente em janeiro de 2020 e finalizamos remotamente por mensagens de áudio e email ao longo dos meses de reclusão deste ano. Um disco produzido lentamente em quatro anos. 

Uma nota de conclusão ~ Se chegamos até aqui, posso ousar inclusive sugerir uma forma de audição do disco, porque não? A música ritualística dos povos originários da América é uma das nossas pernas. Assim, creio que a música aqui se beneficia de um contexto de imersão. Recomendo ouvir alto, em algo que reproduza graves também, já que nem temos lá tantos graves assim. E agradeço a paciência. Espero que esta audição lhe revele alguma beleza. Afinal, nossos dias nessa terra são contados. Desfrutemos.  

Thiago Leiros-Costa

FICHA TÉCNICA

TRACKLIST
lado A - 17:39
A1. O Autoproclamado Campeão 2:58
A2. Amores Farka Touré 4:31
A3. Atento Aos Corvos 3:14
A4. O Mar Não Tem Cabelo 2:45

lado B - 19:22
B1. Falésia Azul 2:59
B2. Ourobouros Azul 2:56
B3. Aos Irmãos Do Leste 3:58
B4. Ubi Sunt 4:13

Todas as músicas por
Thiago Leiros-Costa, Stephan Thomas Bühler, João Cassiano da Silva Bisneto

Onça Combo é
Stephan Thomas ~ Sax Tenor, Sax Barítono e Flautas
João Cassiano "Cassicobra" ~ Zabumba, pandeiro, derbak e outras percussões
Thiago Leiros-Costa ~ Viola de 10 Cordas e Viola dinâmica

com participação de
Julián Sánchez ~ Trompete, Flugelhorn e efeitos em "O Autoproclamado Campeão", "Falésia Azul" e "Aos Irmãos do Leste"
e
Thomas Rohrer ~ Rabeca em "O Autoproclamado Campeão" e "O Mar Não tem Cabelo"

Produzido por Thiago Leiros-Costa

Gravado entre 2016 e 2018 por Marcelinho Macedo no Peixe Boi estúdios (Parahyba - Brasil)*
*exceto rabecas, em 2019 por Nicolas Lefèvre no Sunny Side Inc (Bruxelas - Bélgica)

Mixado por Marcelinho Macedo

Masterizado por Leonardo Nakabayashi no Banzai Estúdio (São Paulo - Brasil)

Capa ~ Santídio Pereira
Tipografia ~ Thiago Verdee
Foto ~ Rafael Passos
Layout e produção gráfica ~ Frederic Thiphagne